Temos o direito de desistir
Durante as Olimpíadas de Tóquio, a ginasta americana Simone Biles desistiu da maioria das provas de ginástica olímpica porque não estava bem, ela disse: “preciso cuidar da saúde mental” e comentou que sentia como se tivesse o peso do mundo nas costas.
Algumas pessoas se solidarizaram com o fato, outras criticaram. Isso levantou reflexões sobre a saúde mental no esporte e na vida. Sofremos pressão no emprego, no empreendimento, nos estudos. Somos treinados para atingirmos resultados, ser produtivos, tirar notas boas, emagrecer, conquistar o amor de alguém, conseguir uma vaga de emprego, bater metas etc.
Ter vontade de fazer as coisas é natural, mas o mundo nos pressiona a conseguirmos cada vez mais coisas, a desistência é entendida como um sinal de fracasso. Mas na verdade desistir e fracassar são ideias diferentes. Desistir a grosso modo é mudar de ideia, deixar alguma coisa para conquistar algo maior, e isso é libertador.
Precisamos prestar atenção na saúde mental, tendo visto que na pandemia muitas pessoas que trabalharam de casa se sentiram muito cobradas a produzirem mais acarretando ansiedade.
O cansaço nos dias de hoje é tão comum, e as pessoas são cobradas a trabalhar exaustivamente para serem respeitadas como profissionais. Mas chega uma hora que elas não conseguem mais produzir.
O mundo cobra um alto desempenho e pede que nos adaptemos constantemente e quem paga o preço é a nossa saúde mental. Para obtermos resultados muitas vezes ficamos estressados, ansiosos e depressivos. As questões externas pressionam, mas o nosso modelo mental influencia nossa vida.
O mundo valoriza o persistir e isso é bacana quando se trata de realizar nossos sonhos e vai ao encontro de nossos valores, mas quando o que fazemos custa nossa saúde física e mental só para atender as expectativas da sociedade, não vale a pena. Temos o direito de desistir de algo em nome de algo maior ainda.